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HSM Expo 2018 – aprendizado, sucesso, tecnologia e carreira

Atualizado: 7 de nov. de 2022


Introdução


A HSM Expo é um Congresso, realizado no Transamerica Expo Center em São Paulo/SP[i], com exposições de vários protagonistas do mercado em seguimentos diferenciados com o objetivo de proporcionar conhecimento e atualização dos profissionais, em especial nas áreas de gestão, liderança, carreira e negócios.


A Edição de 2018 foi transmitida integralmente ao vivo pela Universidade São Judas, Campus Unimonte, em Santos/SP, em parceria com diversas empresas. Destacamos do evento transmitido dia 06.11.2018 as palestras de David Blake[ii], Luiza Helena Trajano e Frederico Trajano[iii], além de Don Tapscott[iv].


The expertise economy: como as empresas mais inteligentes usam o aprendizado para engajar, competir e ter sucesso – David Blake


A apresentação de David Blake focou na afirmativa de que o modelo de educação e o aprendizado tradicionais se tornaram obsoletos, praticamente falidos. Justifica o palestrante que a função do sistema educacional antigamente era passar informações, que, de outra forma, eram inacessíveis. Atualmente, no entanto, a informação é abundante em razão das revoluções tecnológicas.


Com a falência do modelo de educação tradicional cabe às empresas propiciar o aprendizado contínuo para seus colaboradores, de forma inteligente, focando nas habilidades que precisam ser aprendidas e aprimoradas.


O palestrante traz dados que demonstram a relevância de estudar o tema: no Brasil existe uma lacuna grande entre as habilidades exigidas pelo CEO e a oferta de emprego, ou seja, é escassa a oferta de mão de obra qualificada; globalmente os dados são equivalentes, pois 92% dos CEOs afirmam que sua principal preocupação para o futuro é a ausência de colaboradores que possuam habilidades específicas necessárias para garantir a longevidade do negócio.


A Degreed[v], cofundada por David Blake, busca soluções para auxiliar as empresas na qualificação contínua dos seus colaboradores por meio de treinamentos específicos (pessoas com habilidades diferentes precisam de treinamentos personalizados), incentivando a cultura do aprendizado, mapeando o futuro de cada indivíduo (identificar onde está e onde quer chegar) e fornecendo ferramentas como softwares que objetivamente conseguem aferir o Skill Quotient (Quociente de Habilidade) do colaborador mediante a aplicação de fórmulas matemáticas.


A principal mensagem de David Blake é a necessidade de fornecer e aplicar o conceito de aprendizado contínuo com foco nas habilidades requeridas a todos dentro de uma organização, começando pelo CEO, além de promover treinamento personalizado e constantes avaliações de desempenho a fim de tentar minimizar a falência do sistema educacional tradicional.


Case Magazine Luiza – Luiza Helena Trajano e Frederico Trajano


Luiza Trajano e seu filho, Frederico, expuseram a história de sucesso do Magazine Luiza, fundado pela tia de Luiza, em Franca/SP, em 1957. Desde os primórdios o foco da empresa era a satisfação do cliente por meio basicamente de duas táticas: inovação e atendimento qualificado. A palestrante lista diversos exemplos de atitudes e decisões que foram fundamentais para o crescimento do negócio:


- a gestão de pessoas é essencial em uma empresa – os colaboradores devem ser participativos e alinhados, e, em contrapartida, a empresa deve distribuir lucros com transparência e justiça;


- errar é natural e faz parte, importante é aprender e direcionar para o objetivo da empresa sem nunca esquecer de pedir desculpas, se for o caso! Não desanimar nem desistir;


- se a empresa quiser crescer – porém, a palestrante ressalva que não há obrigatoriedade em crescer, é uma opção – tem que ser formal e “pagar o preço”, ou seja, registrar todos os funcionários e pagar os impostos da forma correta. O Magazine Luiza, em 1996, contratou a primeira auditoria independente e foi um “marco” positivo para seu crescimento, abrindo diversas “portas” e novas oportunidades de negócios;


- falta de lucro não quebra uma empresa, porém, falta de fluxo de caixa sim – é necessário manter os pagamentos de fornecedores e obrigações legais em dia, ainda que a empresa não esteja lucrando;


- é necessário coragem para crescer: o Magazine Luiza montou uma parceria financeira em conjunto com o Unibanco em uma época de crise para conseguir comprar os produtos necessários para vender, pois em geral são itens caros;


- capacidade e humildade para aprender e inteligência emocional são indispensáveis;


- a cultura e valores da empresa não podem ser meras palavras, precisam ser demonstradas nas atitudes: por exemplo, no Magazine Luiza há regras rígidas proibindo marido e mulher de trabalharem juntos na mesma loja, os membros da família precisam começar de baixo se quiserem trabalhar na empresa, as regras de sucessão estão há muito definidas;


- “problema só existe quando se tem doença incurável, o resto a gente resolve” - foco na solução;


- as pessoas, especialmente os líderes, podem ter ideias diferentes, mas devem ter valores similares.


Frederico Trajano, CEO da empresa, afirma que o futuro está no investimento em tecnologia e no mercado de vendas digitais. O Magazine Luiza possui um laboratório de inovação tecnológica (luizalabs), além de site e aplicativo de varejo (App) dos mais bem sucedidos do Brasil, inclusive utilizado como intermediário por diversas outras lojas, algumas concorrentes.


Considerando a enorme deficiência em infraestrutura no país, a empresa investe de forma pesada em logística própria, com frota de caminhões e a possibilidade de retirada de produtos comprados por meio digital diretamente na loja física, a fim de diminuir cada vez mais o período entre a compra e a efetiva entrega.


Exemplifica afirmando que recentemente foi estudar o assunto na China e, enquanto no Brasil a mercadoria comprada na internet demora em média 3 dias para chegar ao consumidor final, na China pode ser de apenas 3 horas. Contudo, o palestrante afirma que o comércio em lojas físicas não irá desparecer, apenas se adaptar à nova realidade.


O sucesso do Magazine Luiza, mesmo em períodos de crise, demonstra a importância do investimento da empresa em: (i) gestão e valorização de pessoas, inclusive financeiramente; (ii) inovações tecnológicas e logísticas; (iii) qualificação e treinamento dos colaboradores, (iv) boa governança e (iv) gestão financeira profissional.


Blockchain revolution – Don Tapscott


Em sua palestra sobre “Blockchain Revolution”, Don Tapscott introduziu a tecnologia blockchain, que surgiu com o propósito de eliminar o intermediário em operações, e expôs as prováveis oportunidades ocasionadas pela segunda era da internet: internet para valores.


Após uma breve explanação sobre o funcionamento dessa nova tecnologia, Tapscott rapidamente apresentou alguns sistemas que encabeçam essa revolução: Hyperledger, Ethereum, R3 e Ripple. Também foram mencionados os ICOs (Initial Coin Offering), em razão de sua crescente popularidade entre as startups por permitir angariar fundos para um projeto de maneira rápida e desburocratizada, e os tokens, instrumentos que têm atraído a atenção dos investidores por sua variedade de aplicações.


No entanto, o cerne da apresentação foram as principais frentes do blockchain fora do universo da criptomoeda, como ele está sendo efetivamente utilizado e revolucionando as empresas e o governo. Dentre os exemplos diversos dados, destacam-se o uso da tecnologia por empresas disruptivas para implantar uma verdadeira economia compartilhada através de smart contracts; nas cadeias de produção para rastrear produtos e alimentos, garantindo sua segurança e procedência, como as iniciativas do Walmart, Foxcon e Sweetbridge; e pelo setor público visando diminuir os trâmites burocráticos e prover uma maior segurança a seus documentos, destacam-se nesse setor os projetos de Dubai e E-Estonia.


O blockchain ainda está em sua aurora, mas é uma tecnologia que veio para ficar. O ensinamento que Tapscott nos deixa é que devemos aproveitar e usufruir ao máximo essa revolução, adaptando as empresas e as inserindo nesse novo modelo de negócios. Essa tecnologia, apesar de não ser a solução para todos os problemas, é uma oportunidade para reestabelecer a confiança no mercado.

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[i] https://www.hsm.com.br/events/hsm-expo-2018/

[ii] David Blake é cofundador e executive chairman da Degreed. Dedicou sua carreira a inovar o ensino superior e o aprendizado contínuo ao longo da vida. Foi eleito “Top EdTech Entrepreneur” pelo Stanford .School EdTech Lab, patrocinado pela Teach For Americae pela NewSchools Venture Fund. Blake dá palestras ao redor do mundo em eventos sobre o futuro do aprendizado, incluindo ASU Education Innovation Summit, EdTech Europee TEDx.

[iii] Luiza Helena Trajano é presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza - que é um dos maiores varejistas brasileiros e vem sendo um dos protagonistas do comércio eletrônico nacional. Quando assumiu a superintendência da empresa, foi responsável pelo salto de inovação e crescimento que nas décadas seguintes colocaria o Magazine Luiza entre os maiores varejistas do Brasil. Também atua como conselheira em 12 diferentes entidades, entre elas a International Chamber of Commerce (ICC), o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) do governo federal, o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Grupo Consultivo do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil. Frederico Trajano é CEO do Magazine Luiza. Em 2004 ele assumiu a gestão das lojas físicas e do marketing e, em 2011, as operações de logística e tecnologia da empresa. No mesmo ano ele criou o Luizalabs, laboratório de desenvolvimento de tecnologia que conta com mais de cem engenheiros de software e vem sendo responsável por uma série de inovações disruptivas no varejo brasileiro.

[iv] Don Tapscott, CEO do Tapscott Group, é uma das maiores autoridades mundiais no impacto da tecnologia nas empresas e na sociedade. Ele é autor de mais de 15 livros, incluindo o Wikinomics: como a colaboração em massa pode mudar o seu negócio, traduzido para mais de 25 idiomas. Don é membro da Ordem do Canadá e foi reconhecido como o segundo pensador de gestão mais influente do mundo pela Thinkers50. É professor adjunto da Rotman School of Management e reitor da Trent University, em Ontário. É difícil imaginar alguém que seja mais prolífico, profundo e influente em explicar as revoluções tecnológicas de hoje e seu impacto no mundo.


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